sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Mulheres, Gays, Negros,Cientistas, Maconheiros …e a ficção da laicidade

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Mulheres, Gays, Negros,Cientistas, Maconheiros …e a ficção da laicidade

E a gente vai fumando que também sem um cigarro

ninguem segura esse rojão…

(Chico)





A sociedade brasileira, padece de um mal, um mal agouro, um mal olhado, um mal estar, não sei… mas é uma espécie de devaneio coletivo alimentado pelos meios de comunicação,reprodutores dos interesses mais conservadores, que insistem em vender não somente os padrões de beleza impostos pelas industrias de roupas, cosméticos , fitness e outras coisas desse gênero, mas também em estipular padrões de normalidade que , infelizmente, passam pela ficção do real e pela negação de uma série de fatos impostos, se não pelas regras previstas numa sociedade, pela repetição em larga escala de hábitos , costumes, comportamentos e outras manifestações do ser em coletividade e enquanto individuo, que denominamos cultura.
Quem faz movimento social, quem tem um segmento no qual milita, seja sem terra, mulher, gay, negro, cientista ou  maconheiro  , sabe que tipos de barreiras tem enfrentado junto ao Estado pra fazer valer, não valores individuais e manifestações idiossincráticas, mas  problemas que geram aquilo que Castel chama de Vulnerabilidade de Massa, se colocamos na balança as pautas de opressões, os tabus e os assuntos por resolver, como existem nas reivindicações de todo movimento social, percebemos que o problema é mais coletivo do que supomos quando estamos com a visão voltada para o essencialismo de nossas pautas.
Evidente que parcela significativa de nós já compreendeu a importância dessa mistura, dessas ´pautas conjutas` , dessa construção cada vez mais coletiva que arranca nossos olhos dos umbigos de nossas reivindicações e possibilitam vislumbrar o universo de semelhanças que existem entre diversos pontos.
Formando assim cidadãos integrais, conscientes de seus direitos e dos direitos alheios e não somente dos seus deveres como tem sido a história da luta de classes e das opressões ideológicas burguesas e hegemônicas.
Logo,  não basta que organizemos , gays, negros , mulheres, maconheiros e militantes pelos testes em célula tronco, por que essa militância fragmentada tem fracassado tentativa a pós tentativa na batalha pela a provação de uma série de  pautas significativas, vide a legalização do aborto, o casamento homossexual, a criminalização da homofobia,  a legalização da maconha e os avanços da medicina genética.  Que estão no mesmo patamar que as reivindicações sindicais e a luta pela reforma agrária, com uma distinção básica no campo onde esses debates ferem mais a ordem vigente e opressora.
Segmentos como Movimento Sindical, MST e MSTS, tem muitas de suas pautas centrais voltadas para a questão direta entre os mandos e desmandos do grande capital e a crescente liberdade de investimentos de recursos, de quem detem os meios de produção, em detrimento do respeito a vida e a cidadania dos trabalhadores, as pautas desses movimentos tem em comum a oposição capital X trabalho e as sucessivas e históricas vitória do primeiro sobre o segundo, movimentando aquela velha mola marxista para a história enquanto tensão entre classes.
Nós Gays, Mulheres, Negros, Índios, maconheiros e cientistas, enfrentamos outra série de problemas, esses não estão diretamente ligados a esta oposição, mas a outras, as pautas morais, aos velhos ditames da moralidade que sustentam opressões e consequentemente tornam a sociedade mais modelável á vontade daqueles que vivem muito longe dos problemas que acometem significativa parcela da população.
O maior problema comum desses segmentos que cito no título desse texto estão relacionados a garantia do Estado Laico, com isso não queremos oprimir aqueles que professam suas religiões e as manifestam livremente, queremos a garantia do bem-estar para pessoas que não comungam de valores sedimentados em conceitos milenares, logo ultra-ultrapassados,  opiniões frágeis e ainda assim dominantes.
Antes de conseguirmos aprovar as emendas, leis, portarias e similares vamos ter que conseguir fazer valer e reinterar-se o Estado Laico, precisamos de legisladores, executivos e juristas para garantirem a inconstitucionalidade de certas decisões, precisamos deslegitimar a argumentação fundamentalista, nos vetos sobre leis, nas decisões sobre emendas, que determinam pautas que só são polêmicas por que existe um exército de conservadores, bradando parábolas e impedindo o avanço, técnico, científico, humano e  social, já é tempo de por fim a transformação do senado e do congresso em púlpito e nave , precisamos imediatamente de uma pauta comum que nos garanta avançarmos juntos, fortes e estratégicos rumo a vitória de muitas pautas de uma só vez, por isso eu lanço a campanha: Eu quero meu Estado Laico!
Temos essa pauta em comum, precisamos refletir sobre ela, convencer pessoas e congregar aqueles que não podem ou resistem a assumirem esta ou aquela bandeira, lutar pelo veto ao fundamentalismo como argumentação, denunciar as bancadas e senadores e até  limpar nosso próprio jardim.
O grande avanço dessa pauta é que a gente bota todo mundo embaixo da mesma bandeira e o cara-a-tapa desse o daquele discurso fica guardado pra quem já ta com a bunda exposta na janela.  Se nem todo mundo assina lista de apoio pra legalizar maconha ou aborto, dá pra pelo menos afirmar que coletivamente a gente só quer um Estado baseado no direito recente da democracia na república e não nalgumas tábuas rabiscadas de tempos longamente idos.
A luta tá ai, as pautas são diferentes e o objetivo é o mesmo, queremos respeito, saúde, dignidade e um pouco de alegria, se não ninguém segura esse rojão.
E eu vos digo: Lgbts, mulheres, negros, cientistas, índios e maconheiros: Uni-vos! só o Estado Laico pode trazer o caminho, a verdade e a vida!
Axé!

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A Autora.

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Andrezza Almeida