Um outro mundo laico e o pecado
nosso de cada dia!
Fica estabelecida, durante dez
séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o
cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de
aurora.
(Thiago de melo. )
O mundo tal como foi concebido pelos homens, só o
foi por que a vontade de uns e as características morais de outros
conviveram em forma de embate até o presente momento sendo uns
vitoriosos e outros derrotados.
Todos nós identificamos que alguns existem em
melhores condições físicas e morais que tantos outros, que a forma
como uns são incorporados a realidade é absolutamente diferente da
forma como outros o são.
A redundância das duas afirmações só objetiva
deixar claro, que cada conjunto específico de pautas dos vários
segmentos do movimento social denota um conjunto de situações,
posições, expectativas que são oferecidas para alguns e
negadas para outros, coisas como cidadania, moradia digna, direitos
ao trabalho, garantia de lazer e bem-estar social, direito a terra e
a um pouco mais de felicidade pra todo mundo!
Essa transformação é possível com a
alimentação do sentimento aguerrido diante da opressão, da força
na garganta pra bradar pelos direitos, na indignação …o paradigma
da paz não pode nos silenciar.. nada esta tão bem que não possa
ser mudado, nada já foi conquistado que não sejam migalhas do mundo
que esperamos para as futuras gerações, a nós cabem as
durezas imediatas , os planos sucessivamente mezzo-realizados e
manter sempre a nossa força para a luta cotidiana pra
conquista de cada coração, de cada mente.
Procedendo assim no mundo com visas a
retomada de um sentido de humanidade que impossibilite manifestações
visivelmente em desacordo com a integridade da vida humana, com a
manutenção do equilíbrio do mundo, com a necessidade de
convivência com as diferenças inalienáveis dos seres.
Impossibilitar as manifestações mais conservadoras é
criar o veto de argumentação, seremos tolerantes desde que suas
afirmações estejam de acordo com as diversas reivindicações
daqueles que em conjunto compões as minorias étnicas, sexuais,
economicas, trabalhistas…, representados pelos diversos setores dos
movimentos sociais.
Através da união das pautas que denunciam as
arbitrariedades comportamentais, legais e morais, arraigadas em
nossas formações vivenciadas no cotidiano e tidas como normais e
regulamentadas pela constituição, sendo que, podemos afirmar
seguramente que os conjuntos de pessoas que vem sendo exterminadas
seja pela violência do tráfico, seja pelo ódio, sejam pela
fome da Etiópia, configuram macro-modelos de preocupações,
cujas soluções que vem sendo propostas são sistematicamente
perseguidas por aqueles que detém os maiores interesses,
que numa sociedade com o capitalismo altamente
desenvolvido quase sempre são econômicos interesses.
Nós dos movimentos sociais precisamos cada dia
que passa estarmos mais juntos, cada dia mais colados uns nos outros
, os seres são integrais, logo nossa luta deve buscar também a
integralidade, incorporando discursos e formando frentes de combate
as opressões, caminhando em fileiras , nosso exército em
pouco tempo ocupará os lugares que ainda estão por conquistar para
o estabelecimento total do nosso modelo de outro mundo.
Para garantirmos sem limitações um Estado que
tire o olho do céu e mire pra terra, que tire o Jesus crucificado
detrás das mesas dos parlamentos e coloque a verde-amarela bandeira
dessa nação, feita de diferenças e de lutas, da
mistura de jeitos , gentes e costumes. Precisamos vencer o
moralismo que acredita numa verdade que representa alguns,
mata, silencia e ignora outros
O mundo laico possível reserva pra algumas
religiões o direito de ter um Deus soberanamente justo e bom, que
respeita, tolera, protege e ama cada um dos seus filhos, todos
irmãos! E para todas o direito ao silêncio diante da
diferença, em caso de intolerância.
A laicidade permitirá aos que acreditam em Deuses
rigorosos nos valores e incapazes de mudar de idéia e de
gostar de todas as pessoas, fazerem-no dentro de suas casas, de seus
templos, detrás dos seus púlpitos. Mas não nos plenos públicos,
não na nossa cara, não com o dedo em riste acusando-nos de
pecadores e punindo-nos com suas leis e normas.
Os valores de uns não podem continuar sendo a
pesada cruz de outros tantos no nosso mundo possível cordeiros e
lobos pastarão juntos, mesmo que a gente não seja do mesmo rebanho.
E Eu ?
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