Geise Arruda, vítima de Bulling Universitário. |
Não queimaremos nossas
minissaias!
“Joga pedra na Geni Joga bosta na Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni”
Quando a gente acha que já viu tudo, que a
revolução feminista já está consolidada e que talvez faltasse
apenas convencer algumas mulheres do seu papel na sociedade a
gente vê a verdade gritar, vaiar e perseguir com um ato
covarde de intolerância.
E um retrocesso de 200 anos invade as formas mais
modernas de comunicação, todo mundo pode ver, acessar e até
incorporar as suas páginas pessoais as cenas grotescas, primitivas,
que ofendem não só a mulher de vestido vermelho no exercício da
sua liberdade, mas todas as mulheres de corpos e mentes livres , que
negam padrões, recusam valores ultrapassados e cumprem seu papel na
transformação dessa realidade dissimuladamente respeitosa.
Pra quem se destina o respeito na nossa
sociadede? Para as mulheres cobertas e
publicamente assexuadas, para as esposas e filhas dos homens de bem?
Para o que esta dentro das limitadas expectativas de comportamento
formuladas pelos machos pra ser adotadas pelas fêmeas , queremos
também respeito para o que está dentro de decotes e minissaias,
para o que requebra desafiador, para o que não teme os olhos
embaçados de hipocrisia.
A vaia da UNIBAN, não é só para da mulher de
vestido vermelho, ela é pra mim, ela é de cada feminista,
lésbica, bissexual e de cada uma de nós, mulheres libertas do julgo
dos padrões masculinos de respeitabilidade. Ainda existem as
mulheres pra casar com suas saias nos joelhos e as mulheres pra
vaiar, perseguir, ofender, botar pra fuder, agredir, diminuir e
para o exercício da violência em suas multiplas formas física,
psicológica, moral…
Esmorecemos um dia na luta e lá estão os
apontadores e seus dedos em riste, lá está a verdade da opinião
bradada do alto do castelo de sonhos de um mundo pudico, comedido,
onde as mulheres, independentes de seus sutiãs queimados, de sua
ascensão ao poder, de seu papel incomparável na luta de classes ,
ainda são alvo dos ditames anulantes do nosso machismo moderno.
Hão de vir também as
conservadoras, incrivelmente mulheres, como nós, e
gritarão com suas vozes quase sempre caladas: - Puta! Que roupa é
essa?
Mas diferente do que fizemos com o sutiã, não
queimaremos nossa minissaia, ela continuará mostrando a parte
permitida de nós, a parte de nós , que sonha, deseja, que bate
perna e bate coxa, que saracoteia desafiadora pelas ruas repletas dos
homens e suas vontades, não queimaremos nossas minissaias, elas cada
dia mais serão mini e cada dia mais serão o máximo da prova de que
queremos nossos corpos, nossas mentes e nossas vontades
livres!
Conclamo as companheiras a tirar suas saias curtas
do armário sem medo, por que a paz sempre foi fruto da guerra e
perder essa batalha, com a expulsão da mulher do vestido vermelho é
a prova de que ainda estamos em guerra!
Sem vergonha de ser mulher ! precisamos
ser cada dia mais: sem vergonhas!
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