terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sobre saberes, direitos e Zoofilia.





“Viado no Mato
é bicho corredor,
corre viado
lá vem caçador,
lá vem caçador.”

(Pinduca)

Eu quero começar dizendo que a sociedade não é aula de biologia da 8ª série, aqui os indivíduos são cidadãos e não espécimes, ninguém tá aqui vivendo no instinto, aqui as pessoas se expressam através de formas complexas de comunicação anseios , vontades, afetos e desejos, criam leis, pensam melhor, criam outras leis e o objetivo é viver de um jeito que todo mundo sobreviva e fique feliz em alguma medida.

Lamento que pessoas que não acompanharam toda a história da organização civil da comunidade LGBT, escrevam sobre bobagens sobre isso, por que fala sem ter ouvido os depoimentos sangrentos, as narrativas de enxovalhes e humilhações, que não acompanhou toda revolução de um pensamento social e a gradual mudança em curso nas estruturas, que provam que caminhamos para níveis mais elevados de humanização, as vezes eu quero acreditar que agora é uma questão de tempo pra evolução acontecer e a gente encontrar um modus vivendis que nos permita desenvolver capacidades psíquicas, existenciais, patamares superiores de ciência e de desenvolvimento do saber, poder parar de procurarmos coisas que nos diferenciem nessa homogeneidade de sermos todos humanos na heteroforma das nossas diferenças de fenótipos, culturas e afetos, ai aparece um maluco querendo vender revista.

Acredito que muito já se tenha falado sobre a como é parte da história da cidadania neste país as lutas, pautas e vitórias do povo LGBT, de como o óbvio não é a discussão biologizante, mas a humanista, filosófica, afetiva, coletiva deve pautar a sociedade, que existe pra um dia todos estejamos bem resolvidos e felizes na medida em que caminharmos para o acordão mundial da boa convivência.

Mas eu quero aproveitar isso pra dizer uma coisa que eu descobri recentemente, eu sempre achei que a imprensa toma muita liberdade, eu sempre achei que a democracia é muito decidida dentro de salinha, e sempre achei que tem muita falta de educação por ai, e uma reflexão sobre um texto homofóbico públicado a título de sátira pra vender revista pra pagar o décimo terceiro dos funcionários, me faz pensar que democracia nós vivemos e que democracia nós queremos, Que jornalismo queremos e que jornalismo lemos e produzimos.

O Modelo democrático participativo no Brasil acontece em parte através do processo democrático, e em parte através de nomeações, as leis são feitas, sugeridas e aprovadas por pessoas que foram eleitas ou indicadas para estarem nos seus respectivos cargos.

Eu penso que quem legisla devia ter aula na escola da vida, passar dificuldade, comprovar que passou fome, que sofreu preconceito, que sabe o que é ser violentado, agredido, ofendido, marginalizado, perseguido, preso, assassinado, pra na hora de fazer as leis, pe(n)sar sobre isso.



Eu acho que tá na hora de passar a limpo as atas das conferências setoriais e mais eu acho que tá na hora da nossa democracia empoderar o povo, por que não se pode mais alimentar a contradição de reunir segmentos pra discutir e depois parecer que ninguém falou o que já foi dito a exaustão e não para de ser repetido.

Se nós podemos evoluir enquanto sistema político é ampliando o poder deliberativo da população, mais plebiscitos, mais leis criadas a partir das reflexões sociais, o que é Opinião Pública? Onde está a reunião do público que reflete, formula e sugere sobre temáticas referentes aos rumos do funcionamento do Estado ? Nas conferências públicas, isso sim deve nortear os rumos do governo, os rumos das leis, o caminho para o Estado Laico que queremos, onde as pessoas são respeitadas nos seus sentimentos, nas suas crenças e pacíficas vontades e até nas suas autodestruições,
Mas quando eu ouço a palavra opinião pública eu tremo, de raiva, de indignação, de medo de quem é que tá falando aquela opinião e quem é esse público, por que o público que tá sofrendo a homofobia tá lá nas conferências denunciando dentro do espaço construído pelo governo pra ouvir o povo.

Tornar a decisões mais coletivas e menos polarizada entre os libertinos e os conservadores, tornar isso menos fetichista e mais cotidiano e entender que a Imprensa não é a opinião pública, os senhores legisladores não são a opinião pública, mesmo que muitos representem com louvor a opinião do público que lhes elege, a opinião pública é o povo e o cada um com seus problemas, pegue sua opinião pessoal e leve ela lá na instância correta, no grupo certo, na coisa certa, faça ela ser parte da opinião pública.

E quanto a liberdagem da imprensa eu acho que deveria ter uma reformulação na formação dos profissionais da educação com ênfase na ética, no respeito a privacidade por exemplo, se a imprensa não respeita a liberdade individual, fica difícil respeitar a liberdade da imprensa, é triste dizer isso mas precisamos de muros, de limites que possibilitem alcançar um formato de comunicação que esteja de acordo com a transformação social que se tem buscado em tantas esferas de debate e ação, a liberdade da sua imprensa não pode estar a serviço do mal estar das boas liberdades alheias.


Por fim pra o pessoal que tem esse fetiche da zoofilia, se você quer fazer o debate de casar com uma cabra, prove que existe afinidade entre vocês, que ela está de acordo com o lance, que juntos vocês serão felizes e vá lá na conferência e pede pra ser LGBTZ , pede os seus direitos.

E não se pode parar de bombar...

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A Autora.

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Andrezza Almeida