“Viado no
Mato
é bicho
corredor,
corre
viado
lá vem
caçador,
lá vem
caçador.”
(Pinduca)
Eu quero
começar dizendo que a sociedade não é aula de biologia da 8ª
série, aqui os indivíduos são cidadãos e não espécimes, ninguém
tá aqui vivendo no instinto, aqui as pessoas se expressam através
de formas complexas de comunicação anseios , vontades, afetos e
desejos, criam leis, pensam melhor, criam outras leis e o objetivo é
viver de um jeito que todo mundo sobreviva e fique feliz em alguma
medida.
Lamento
que pessoas que não acompanharam toda a história da organização
civil da comunidade LGBT, escrevam sobre bobagens sobre isso, por
que fala sem ter ouvido os depoimentos sangrentos, as narrativas de
enxovalhes e humilhações, que não acompanhou toda revolução de
um pensamento social e a gradual mudança em curso nas estruturas,
que provam que caminhamos para níveis mais elevados de humanização,
as vezes eu quero acreditar que agora é uma questão de tempo pra
evolução acontecer e a gente encontrar um modus vivendis que nos
permita desenvolver capacidades psíquicas, existenciais, patamares
superiores de ciência e de desenvolvimento do saber, poder parar de
procurarmos coisas que nos diferenciem nessa homogeneidade de sermos
todos humanos na heteroforma das nossas diferenças de fenótipos,
culturas e afetos, ai aparece um maluco querendo vender revista.
Acredito
que muito já se tenha falado sobre a como é parte da história da
cidadania neste país as lutas, pautas e vitórias do povo LGBT, de
como o óbvio não é a discussão biologizante, mas a humanista,
filosófica, afetiva, coletiva deve pautar a sociedade, que existe
pra um dia todos estejamos bem resolvidos e felizes na medida em que
caminharmos para o acordão mundial da boa convivência.
Mas eu
quero aproveitar isso pra dizer uma coisa que eu descobri
recentemente, eu sempre achei que a imprensa toma muita liberdade, eu
sempre achei que a democracia é muito decidida dentro de salinha, e
sempre achei que tem muita falta de educação por ai, e uma reflexão
sobre um texto homofóbico públicado a título de sátira pra vender
revista pra pagar o décimo terceiro dos funcionários, me faz pensar
que democracia nós vivemos e que democracia nós queremos, Que
jornalismo queremos e que jornalismo lemos e produzimos.
O Modelo
democrático participativo no Brasil acontece em parte através do
processo democrático, e em parte através de nomeações, as leis
são feitas, sugeridas e aprovadas por pessoas que foram eleitas ou
indicadas para estarem nos seus respectivos cargos.
Eu penso
que quem legisla devia ter aula na escola da vida, passar
dificuldade, comprovar que passou fome, que sofreu preconceito, que
sabe o que é ser violentado, agredido, ofendido, marginalizado,
perseguido, preso, assassinado, pra na hora de fazer as leis,
pe(n)sar sobre isso.
Eu acho
que tá na hora de passar a limpo as atas das conferências setoriais
e mais eu acho que tá na hora da nossa democracia empoderar o povo,
por que não se pode mais alimentar a contradição de reunir
segmentos pra discutir e depois parecer que ninguém falou o que já
foi dito a exaustão e não para de ser repetido.
Se nós
podemos evoluir enquanto sistema político é ampliando o poder
deliberativo da população, mais plebiscitos, mais leis criadas a
partir das reflexões sociais, o que é Opinião Pública? Onde está
a reunião do público que reflete, formula e sugere sobre temáticas
referentes aos rumos do funcionamento do Estado ? Nas conferências
públicas, isso sim deve nortear os rumos do governo, os rumos das
leis, o caminho para o Estado Laico que queremos, onde as pessoas são
respeitadas nos seus sentimentos, nas suas crenças e pacíficas
vontades e até nas suas autodestruições,
Mas
quando eu ouço a palavra opinião pública eu tremo, de raiva, de
indignação, de medo de quem é que tá falando aquela opinião e
quem é esse público, por que o público que tá sofrendo a
homofobia tá lá nas conferências denunciando dentro do espaço
construído pelo governo pra ouvir o povo.
Tornar a
decisões mais coletivas e menos polarizada entre os libertinos e os
conservadores, tornar isso menos fetichista e mais cotidiano e
entender que a Imprensa não é a opinião pública, os senhores
legisladores não são a opinião pública, mesmo que muitos
representem com louvor a opinião do público que lhes elege, a
opinião pública é o povo e o cada um com seus problemas, pegue sua
opinião pessoal e leve ela lá na instância correta, no grupo
certo, na coisa certa, faça ela ser parte da opinião pública.
E quanto
a liberdagem da imprensa eu acho que deveria ter uma reformulação
na formação dos profissionais da educação com ênfase na ética,
no respeito a privacidade por exemplo, se a imprensa não respeita a
liberdade individual, fica difícil respeitar a liberdade da
imprensa, é triste dizer isso mas precisamos de muros, de limites
que possibilitem alcançar um formato de comunicação que esteja de
acordo com a transformação social que se tem buscado em tantas
esferas de debate e ação, a liberdade da sua imprensa não pode
estar a serviço do mal estar das boas liberdades alheias.
Por fim
pra o pessoal que tem esse fetiche da zoofilia, se você quer fazer o
debate de casar com uma cabra, prove que existe afinidade entre
vocês, que ela está de acordo com o lance, que juntos vocês serão
felizes e vá lá na conferência e pede pra ser LGBTZ , pede os seus
direitos.
E não se
pode parar de bombar...
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